domingo, novembro 01, 2015


Domingo - outro

93,5
Mantidos a semana inteira.
Nada a mais. Nada a menos.





domingo, outubro 25, 2015


Resultado de 3 litros de sorvete de ante ontem

94 quilos.
Dieta radical. Zero carb. Zero açúcar. Zero exercício.





sábado, outubro 24, 2015


Resultado dos 3 litros de sorvete de ontem

Um quilo a mais.
Hoje 94.





O Cachorro Preto

(trechos de texto de Raquel Avolio - editado por mim) 

"Um, dois, três... vá, você consegue. Você não apenas consegue, você também precisa. Um, dois, três… por favor, vamos, você não tem o dia inteiro.”
A frase acima assemelha-se ao discurso de alguém que tenta escalar uma montanha ou atingir alguma meta que requer esforço anormal, mas é só o tipo de coisa que um indivíduo
deprimido fala para si mesmo ao tentar levantar da cama num dia comum. A depressão não é algo poético, ao contrário do que muitos pensam, e não é assunto para ser romantizado. Há um mito que cerca a condição e ele precisa ser extinto. 
A depressão não ajuda pessoas criativas. O sofrimento pode inspirar, mas a depressão paralisa. É uma doença cruel, dolorosa e insidiosa que leva o hospedeiro a ter vontade de pedir ajuda para tomar banho, pentear cabelos e escovar os dentes: ela leva embora a energia vital presente em cada um de nós, transformando tarefas simples como se alimentar em tarefas complicadas como erguer um monumento. É uma máxima: não há beleza na depressão.  Muitas vezes os incentivos não geram resultados, todo e qualquer esforço falha ou parece falhar, e a desistência se apresenta como a única saída viável. 

Ainda bastante incompreendida, a condição "depressão" leva os portadores a serem vítimas de preconceitos e julgamentos, estes que são alguns dos principais aspectos sociais da doença. Além de suportarem diversos martírios dentro de si mesmos, depressivos são julgados “preguiçosos”, “inúteis”, muitas vezes escutam insultos de pessoas próximas, aquelas que deveriam ajudar e cuidar: “Levante daí, você não cansa de ficar nessa cama o dia inteiro?”, “E então, quando você vai decidir fazer algo da sua vida?”, “Você parece bem, não parece doente, está rindo, será que não poderia fazer algo que preste?”, “Me poupe, isso não passa de frescura”.
Além disso, é comum que pessoas deprimidas não suportem ouvir o termo “reagir”. “Reaja!”, o mundo parece gritar em uníssono. Por favor, parem! É uma situação extremamente delicada. Não é assim que funciona, não foi e nunca será. 
Depressão não é tristeza. Estamos reagindo, mas estamos acorrentados, e do que adianta tentar fugir quando seu carcereiro decidiu te acorrentar? O único resultado que será possível obter é o cansaço, e nossos corpos já não comportam mais qualquer adição de cansaço. Estamos fazendo o possível.

Não há depressão que seja igual. A depressão é única para cada portador, o que faz dela um martírio solitário. É a doença da solidão, do isolamento, e, por fim, da ausência de amparo. Muitas pessoas deprimidas são abandonadas ou ignoradas por seus familiares, cônjuges e amigos quando mais precisam de conforto e ajuda. As pessoas cansam e vão embora. O deprimido não quer dar trabalho, não quer causar desconforto, mas precisa de amor. Não pedimos para ter uma doença. Da mesma forma que alguém não escolhe um câncer, não escolhemos desenvolver a depressão.
O amor é um aliado porque nos fortalece e nos torna mais esperançosos no que tange a luta diária por coisas que não deveriam envolver lutas: é como se, ao sentirmos que somos amados, estivéssemos lutando com um propósito que não é apenas o de permanecermos vivos. Se você conhece alguém que sofre de depressão, demonstre compaixão. Desenvolva sua empatia, ela pode salvar uma vida. Se você sofre de depressão, tente buscar o amor. 

Como se não fosse doloroso o suficiente o fato de estarmos sendo julgados com frequência, também ocorre de sermos interpretados das piores formas possíveis. 
O inferno parece não ter fim: se elaboramos alguma desculpa para não sairmos de casa em determinado dia, somos péssimos amigos. Mas não somos, na verdade. Acreditem que zelamos por nossas amizades, acontece que não queremos dizer coisas como “desculpe, hoje não, talvez na semana que vem, sabe, faz três dias que tento sair da cama e não consigo, mas hoje consegui ir até a cozinha e fazer um lanche, de tanta felicidade por ter feito isso eu poderia dançar frevo se tivesse alguma energia restante”. Ou então: “não acho que é uma boa ideia ir naquele encontro de hoje, eu acabo de ter uma crise de choro no chão do meu quarto”. A maioria das vítimas da depressão crê que é bom evitar contribuir para que sejam vistas como “loucas”, e omitem detalhes de suas lutas diárias contra a doença na tentativa de sentirem-se mais “normais”.

Talvez um dia os grandes cientistas desenvolvam a arma definitiva para aniquilar o monstro para sempre.
Até lá, resta a luta. Ou não. 

(trechos de texto de Raquel Avolio - editado por mim) 





sexta-feira, outubro 23, 2015


Diamantes eternos

Roupa pra gorda é sempre problemaS.  Roupa é singular, eu sei. Mas roupa pra gorda tem sempre vários problemas.  Começa no que não se vê. Na calcinha. Calçola. Calçolão. Bermuda de lycra. Bermudinha de malha. Shorts. Cinta. Qualquer coisa.
Vestido. Calça ou saia.
Vestido é uma peça bem estranha pra gorda. Fica mais curto na frente por causa da barriga grande que levanta o comprimento ou mais curto atras por causa da bunda grande que levanta o comprimento. A bunda pode ser tipo tabuleiro de baiana daquela que dá pra apoiar a taça de champagne no caso da Kardashian. No caso dos seres humanos normais, dá pra apoiar a bandeja toda de croquetes. Desista do vestido.
A barriga pode ser de grávida normal ou de grávida de trigêmeos na última semana da gestação. Desista do vestido. No verão, com os braços a mostra, desista do vestido. No inverno, com casaco grosso por cima e meia grossa desista do vestido. Próximo.
Calça. A barriga pode ser disfarçada com um blusa comprida mais conhecida como blusão. Ão... veja bem. Largona e cumpridona pra não prender e cobrir tudo na frente e atras. Mas as calças tem uma coisa chamada gancho. Aquela parte que fica entre as pernas, entre a bunda e entre a racha. São várias costuras por ali naquele meio e é preciso muita técnica pra fazer um gancho na medida. Do contrário repuxa. Puxa. Entra. Sobra. Pregueia. Faz papo. Prende. Faz prega. Enrola. Esqueça a calça. Próximo.    
Saia. Hummm.... parece boa opção. Um bom cós na cintura e pronto. Ah... mas tem a barriga... e a bunda... Teremos o problema do vestido. E o agravante da escolha da blusa.  Fora saia.
Vamos para o departamento de lycra sempre com algumas salvações de ultima hora. Pegue a calça. A maior claro. No provador você terá uma certa dificuldade para fechar a cintura mas verá que não sobra tecido algum na coxa. Nem no gancho. Tome cuidado para não perder parte da calça, porque ela tende a ir entrando... entrando... entrando em todas as possibilidades. Se fechou o botão e o ziper leve. Não sente nunca.  Depois é só ir no Gordinho Elegante e comprar uma camisa masculina tamanho 9 e usá-la como blusão.      
Existem os kaftans. Sofia Loren gostava muito deles - embora dissesse que ficava parecendo uma lona de circo. É uma  excelente opção. Os brilhantes vão fazer falta. E o Marlon Brando também. Mas já temos roupa. Não podemos ter tudo.





Hoje não tem pizza

Dia fraco.
Um omelete com dois ovos e queijo.
Umas canecas de café com leite.
Um litro e meio de sorvete.

Mais tarde, outro litro e meio de sorvete.





quinta-feira, outubro 22, 2015


Quatro pacotes de facadas

Não há de fato nada de mais no processo de emagrecimento.
Exceto o processo em si.
Não é a comida que atrapalha. É a cabeça. O pensamento. Aquele milionésimo de  segundo que decide por você que você vai levantar de onde está e comer uma bolacha. Aí entenda-se um pacote de bolacha.  É aquele micro instante entre dois caminhos que permite que você pare e faz você escolher um sem que você escolha. Como se a própria  bifurcação te jogasse pra um lado. Sempre o lado da pizza. Do pão. Do doce. Um diabo que tem um anzol na ponta do tridente e te agarra.
Daí em diante é piloto automático. Até que acabem todos os pedaços da pizza. Todos bis do pacote. Todos os pãezinhos de queijo. Todas as batatas fritas da caixa.
Esse mistério do todos... me intriga.
Não há limite não importa o tamanho da embalagem.
Podem ser duas duzias de pastéis de Belém porque a promoção do Habibs dá duas dúzias.
Podem ser três sonhos de valsa porque foi o que veio de troco.
Pode ser aquele balde de pipoca pra acompanhar a novela.
Mas é inteiro. Tudo. Toda. Não sobra nada.  Tipo um pudim de leite condensado. O pudim todo.
Esse mecanismo de parar que não é acionado... é que me intriga.
Fico imaginando quantas facadas eu sou capaz de dar em alguém que eu quero matar.